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Memórias da Cidade: Exposição de Kássia Borges

Postado em 2021-05-27
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Memórias da Cidade:

Exposição da artista Kássia Borges em Uberlândia 
Por_ Luana Angélica 
Publicado em (Maio/2021) 

Kássia Borges é uma artista profundamente ligada a prática escultórica. Graduou-se em Artes Plásticas pela UFU em 1987. Desenvolveu seu mestrado pela UFRGS e doutorado pela UFAM. Atuou em diversas universidades do país e desenvolveu inúmeras pesquisas relacionadas a questão indígena, identificando interseções com sua própria origem.

Seguindo uma preferência materna, chegou a cogitar a possibilidade de desenvolver sua carreira na área da saúde, intenção que caiu por terra (literalmente), quando em visita ao laboratório de cerâmica da UFU, pôde ter contato com alunos desenvolvendo seus trabalhos. Encantou-se ao ver o material sendo manipulado com o auxilio de espátulas que adicionavam, retiravam e modelavam o material bruto. Neste momento, localiza seu interesse no processo escultórico em cerâmica através das lembranças pueris que esta observação a leva: resgata sua própria imagem na infância, “barreando” um fogão a lenha junto de sua mãe, afim de mantê-lo preservado através do trabalho conjunto. Produzia pequenas peças em barro, com o auxilio de caixinhas de fósforo como molde, criando uma espécie de Lego, que daria origem a montagem lúdica de pequenas grandes fazendas e castelos, onde bonecas feitas com sabugo de milho teriam seu espaço para existir. Estas personagens voltariam a ter espaço em sua vida através das bonecas Ritxoko, produzidas em cerâmica pelas mulheres da etnia Karajá, que vivem as margens do Rio Araguaia. Sua relação com esta etnia é de ordem familiar pois Kássia é fruto da relação de sua mãe branca e pai indígena.

Selecionamos três instalações onde a artista explora sua ancestralidade através da prática da cerâmica:

Elas”: Foram produzidas cerca de quatro mil pequenas esculturas que aludem aos órgãos sexuais femininos e masculinos. Três mil vulvas em cerâmica feitas por ela e por pessoas próximas que a visitavam durante o processo. Pequenas bolinhas de cerâmica, do tamanho de pães de queijo (palavras da própria artista) eram “violadas” com o auxílio dos dedos, onde se abriam fendas. Do resíduo destas fendas, subvertendo a conhecida história bíblica, eram construídas as formas fálicas aludindo ao sexo masculino, dispostas na parede, conversando com as pequenas vulvas organizadas sistematicamente no chão.

Afrequete: à convite do prof. Lu de Laurentis, desenvolve este trabalho a ser exposto UFBA. Oito artistas convidados. Quatro deles conhecendo a Bahia pela primeira vez. Kássia era uma das convidadas que não a conhecia: “tive a impressão de que a Bahia era como um grande Ebó”, em referência a oferenda utilizada em rituais de Cambomblé, sua religião. Pequenos alguidares adquiridos no mercado da cidade recebiam sal fino e uma pimenta de formato fálico, exibindo um vermelho rutilante, disposta verticalmente. Os objetos eram dispostos sobre uma camada de sal grosso, no chão, desenhando um mapa do estado. A oferenda de comida as entidades, o Ebó, relaciona-se a sensualidade percebida em diversas esferas pela artista, habitando o local pela primeira vez.

Totens: tem sua origem na produção de recipientes chamados corpo-potes, cuja função não se completa: a artista produziu diversos potes fechados, subvertendo sua função localizada nos primórdios da humanidade, quando começamos a estocar alimentos, permitindo-nos fixarmos em um único local. A partir desta investigação, dá origem a instalação na parte externa do Centro Cultural, onde constrói totens através do empilhamento de potes em cerâmica em um diálogo com teorias psicanalíticas, decorados com pinturas corporais,

Muito apaixonada pela sua prática artística, Kássia reconhece a beleza da cerâmica em sua relação com o tempo e seus processos, inclusive na coleta do material, que segundo a artista, relaciona-se diretamente com o feminino, identificando a argila como um material muito forte em seus simbolismos e materialidade, inseparáveis a mulher, relacionando-a a fertilidade.

                    

                   "Afrequete"

                   

                   "Afrequete"

           

           "Afrequete"

             

             "Elas"

          

          "Elas"

            

             "Elas" 

            

            "Totens"

           

             

             "Totens"

             

             "Totens"

 

 


 

 

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